Penha Garcia
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Situada na serra de Penha Garcia, a freguesia com o mesmo nome teve um povoamento cuja origem se julga do período Neolítico; no entanto, sabe-se que o seu princípio de povoamento fixo e permanente, terá ocorrido a partir de um castro aproveitado e aumentado pelos romanos; de facto, e a comprovar a antiguidade do povoamento, na sua região abundam os vestígios pré-históricos e romanos, estes últimos bem documentados nas ruinas da capela de S. Lourenço.
O topónimo “Penha Garcia”, alude a D. Garcia Mendes, senhor da região no início do século XIII e ao qual se refere uma das mais belas histórias ou lendas da freguesia. Conta a mesma que D. Garcia, alcaide do Castelo de Penha Garcia, raptou numa noite tempestuosa, D. Branca, figura de rara beleza e filha do poderoso Governador de Monsanto; no entanto, passados meses de perseguição implacável, D. Garcia acaba por ser apanhado nas encostas da serrania, pelos homens ao serviço do Governador. Naquela época, aventuras deste género eram punidas com a pena capital, todavia, o Governador comovido pelas lágrimas da sua filha, poupou a vida a D. Garcia, mas em substituição condenava-o à perda do braço esquerdo, como penhor de justiça.
O castelo de Penha Garcia deverá ter sido construído a mando de D. Sancho I, com intuito claro de fortificar a Beira, para a defesa do centro do país contra os povos inimigos; o Leonês, que estava para lá do rio Erges e o Mouro, para lá do Tejo.
A povoação de Penha Garcia recebeu foral em Proença-a-Velha, a 31 de Outubro de 1256 por D. Afonso III, que posteriormente à Reconquista Cristã, a entregou à Ordem de Santiago, com o objectivo de que aquela o fortificasse; o que de facto não viria a acontecer, pelo que D. Dinis, filho de Afonso III e de D. Beatriz de Castela, decidiu em 1303, passar a povoação de Penha Garcia para a posse da Ordem dos Templários, cujo mestre era Vasco Fernandes. Todavia, os Tempários em Portugal foram extintos por Clemente V em 1302 e foi sua herdeira a Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo, fundada por iniciativa de D. Dinis e que foi aprovada pelo papa João XXII, em 1319.
A 1 de Junho de 1510, a freguesia de Penha Garcia viria a receber o Foral Novo de D. Manuel I; já no século XVI, com a integração das Ordens Militares na coroa, a povoação volta novamente à posse régia.
No aspecto administrativo, a freguesia foi sede de um couto, extinto em 1790; passou para o concelho de Monsanto, até à primeira extinção deste, a 28 de Setembro de 1843 e depois a 16 de Fevereiro de 1848, ano em que foi anexado ao de Idanha-a-Nova, e consequentemente, também à freguesia de Penha Garcia.
O Dr. José Capelo Franco Frazão, natural da freguesia de Capinha, no concelho do Fundão, recebeu de D. Manuel II, o título de 1º Conde de Penha Garcia; foi uma figura de grande destaque, não só a nível nacional mas sobretudo internacional, destacando-se como deputado progressista, tendo sido uma das vezes eleito por Macau e Timor. Na cidade de Genebra, de que foi cidadão honorário, tomou contacto com grandes problemas internacionais, travando relações com inúmeras personalidades de vulto na política internacional. Mais tarde, com o advento da República, resolveu retirar-se da vida política. Foi o 2º Conde de Penha Garcia, por autorização de D. Manuel II no exílio e através de alvará do Conselho da Nobreza de 20 de Janeiro de 1948, o Dr José Penalva Franco Frazão, primogénito do primeiro conde, que para além de fazer parte da Comissão de Superintendência da Bolsa de Mercadorias de Lisboa e de várias comissões oficiais e missões no estrangeiro, foi ainda membro do Instituto Internacional de Ciências Políticas e Sociais em Bruxelas e delegado de Portugal em diversos congressos internacionais.»