Idanha-a-Velha
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Desta freguesia nunca será tudo dito. A florescente cidade Romana documentada desde o ano 16 A.C. é das povoações mais antigas de Portugal, com uma forte carga histórica, com um vasto património e de incalculável valor arqueológico. Em todos estes aspectos estão registadas as mudanças lentas e rápidas que transformam as civilizações. Falamos de uma verdadeira aldeia Museu, onde lendas e narrativas estão de constante mão dada com a história.
Idanha-a-Velha ergue-se onde foi edificada a gloriosa cidade de Egitânia (com milhares de habitantes) e inúmeras vezes invadida e saqueada. Aqui encontramos vestígios que remontam a diversos períodos, como: a Pré-História, Celtas, Classicismo Romano, Suevo, Visigótico, Árabe, Idade Média Portuguesa e construções do período Manuelino.
Dos inúmeros percursos arqueológicos possíveis, destacamos a Sé Catedral, primitivamente construída sobre um Templo Paleocristão e posteriormente construída a primeira Catedral Visigótica edificada na Península Ibérica. No seu interior, podemos observar a maior colecção de epigrafia Romana da Europa, alguma vez encontrada num só lugar. Outra parte deste espólio, faz parte das colecções do Museu Tavares Proença Júnior (Castelo Branco) e Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia (Lisboa). Toda esta freguesia merece uma visita atenta, pois espreitam lições de história em todos os sentidos que o nosso olhar se debruce.
Lenda da Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha
O Relógio de Sol
Esta é uma historia divertida e que nos conta como pode ser complicado o contacto com pessoas de outras culturas. Data do tempo das invasões Romanas e conta como os nossos Lusitanos resistiram á imposição dos costumes Romanos. No entanto, vencidas as barreiras culturais acabariam por concordar que até havia vantagens e benefícios em alguns desses costumes…
Quintus Lallius era um construtor de estradas e pontes, homem hábil e despachado, competente na organização do seu trabalho e na orientação dos seus homens. Foi enviado para a região para uma aldeia que na época se chamava Egitânia, com o intuito de construir uma ponte resistente e sólida. Inicialmente a sua missão correu muito bem. Os habitantes de Egitania eram afáveis e simpáticos e dispuseram-se logo a colaborar na obra. Os problemas começaram quando o trabalho se iniciou.
Quintus Lallius estava habituado a um certo ritmo de vida, cumpria o que combinava e não tinha paciência para demoras inúteis. Só que os nossos egitanos viviam despreocupadamente e se combinavam entregar pedras de manha, o mais certo era aparecerem à tarde ou no dia seguinte, e não pareciam importar-se com atrasos porque apareciam sempre muito risonhos como se nada se passasse.
Diziam que podiam perder um cabrito, uma ovelha ou uma galinha, mas tempo não. Porque atrás de tempo tempo vem…
Quase em desespero, Quintus Lallius ofereceu galos ás famílias e convenceu os trabalhadores a levantarem-se assim que o galo cantasse. Nos primeiros dias ate parecia que tinha resultado mas aos poucos tudo voltou ao que era: uns habituados já ao canto do galo, não acordavam outros preferiam fazer do galo refeição, e assim por diante…
Pobre Quintus que tanto se orgulhava do seu saber e não encontrava solução para este problema. Ate que sua mulher se lhe juntou, vinda de Roma. E ao ver o desespero do marido sugeriu que este oferecesse aos trabalhadores, um relógio de sol e talvez assim se habituassem a respeitar as horas. Sem mais demoras Quintus Lallius mandou talhar um relógio e ele próprio lhe enfiou o espigão cuja sombra indicaria a sucessão das horas. Mandou ainda gravar na pedra o seguinte :
Quintus Lallius, cidadão
De Merida Augusta, deu de
Boa vontade um relógio
De sol aos Egitanos
A gravação em latim, bem como a ponte e outras obras notáveis resistiram ao tempo e ainda podem ser admiradas na terra que hoje se chama Idanha-a-Velha.
Uma viagem pela história de Portugal a não perder